Foto: https://jc.ne10.uol.com.br/

MARIA JOSÉ LINS E SILVA (MARIETA)
( Brasil – PERNAMBUCO )

Professora-fundadora da FUNESO, professora dos cursos de turismo da PLANETUR e Vice-Presidente do Conselho de Preservação dos Sítios Históricos de Olinda.

Autora do livro “Fernando de Noronha: cinco séculos de história”, editado em 2013.

Faleceu, aos 80 anos, no dia 15/12/2019.  

SILVA, Maria José Lins e.  As muitas faces do bem-querer.  Ilustrações de Betty Jesumary.   Prefácioo por Orlanddo Parahim.  Recife, Pernambuco:  Industria Gráfica Batista Ltda., 1981. 183 p. 
Ex. doação do amigo livreiro BRITO – Brasília. 

        SEGREDO

Eu sinto a força que chega em silêncio
A galopar pelo meu sonho esquivo
E transfigura o meu momento incerto
Em louca fuga — que nem tem sentido!

E vejo em ânsias agitar-se o sangue
Do mar vermelho que trago escondido
Na ofegante busca que acelero
A procurar em ti — certeiro abrigo!

E nessa ardente caminhada louca
Fecho-me a toda lucidez do mundo,
Rompendo a aurora de um desejo atroz...

E clamo a ti, com voz ardente e rouca,
No grito surdo que nunca liberto
Deste segredo que carrego a sós!

              CAMINHADA

Na noite que se agiganta
Meus passos ecoam
Cansados, pesados...

Repetem caminhos
Sofridos, vividos,
Buscados em sonho...

E esse silêncio
Relembra cantigas
Ouvidas, doridas...

Sussurros ansiados
Deixados no tempo,
Não mais procurados...

E assim uma face,
Sem mais testemunha,
Projeto, revelo...

Transporto-me ao céu
De um sonho antigo
Não mais irreal! 

Ilha de Fernando de Noronha, Pernambuco.
Foto: https://noticias.uol.com.br/

        FERNANDO DE NORONHA

De longe,
ela é um pedacinho de muito verde
aparentemente perdido
em meio a lindos tons de azul...

Quando a gente se aproxima,
acontece o inevitável deslumbramento
diante da beleza que magos
— por ser tamanha:

Aos poucos,
sua luminosidade de verão
castiga os nossos olhos mal acostumados
e queima o nosso coração
no ardor da descoberta afetiva...

Aos poucos,
o barulho ensurdecedor da onda
abafa os nossos ouvidos
todos os ecos retidos
e explode nossa emoção
com o sabor diferente
de entrega absoluta...

... e os seus recantos dourados
vão-se infiltrando, alma a dentro...
... e as suas areias escuras
vão deixando em nós, rastros profundos.

... e as suas elevações de pedra
talhadas ao sabor dos ventos e das águas
— como numa tela —
passem a povoar nossos sonhos e nossa vida
fazendo aí sua morada definitiva!

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Assim eu vi...
descobri...
e amei... Fernando de Noronha

https://pt.m.wikipedia.org/
Praia Cacimba do Padre,
em Fernando de Noronha.

       FERNANDO DE NORONHA

Era como se um amigo
fosse virado realidade...

— Um silêncio absoluto e pesado
(quebrado, de quando em quando,
pelo canto de um pássaro,
pelo ruído de galhos que se quebravam
à nossa passagem,
ou pelo barulho, cada vez mais próximo,
do mar quase violento...)

— Um céu esplendorosamente azul
com pequeninos pontos brancos, esvoaçantes,
dos pássaros que, em voos rasteiros e certos,
procuravam alimento...

De repente: a praia,

                    a “Cacimba do Padre”,
a difícil escalada por sobre as pedras
e, enfim, a solidão do recanto dourado
de águas mornas empoçadas,
do abandono à flor das águas
com a segurança de quem confia no mar,
quando ele próprio estabelece os limites
com pedras e morros...

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